Cair e reerguer...
A "Fénix Renascida" é uma catarse retomada por alguns seguidores do saudoso jornalista e amigo Luís Calisto e da sua "Fénix do Atlântico", que foi durante alguns anos uma referência da blogosfera regional.
A "pena" da fénix do Calisto era sedosa e inatingível dada a sua sensibilidade e técnica estilística. E essa sua inspiração continua presente, com o olhar desperto da cidadania, tentaremos sempre reerguer a Fénix que há em todos nós, por maiores que sejam os desafios que nos coloquem.
As cinzas da pequena ave mitológica, não são o seu fim. Pelo contrário. Constituem a energia e o combustível em que a ave se recompõe, para materializar as suas façanhas e lutas no cada vez mais necessário e urgente despertar de consciências. Estamos por vezes adormecidos sem disso nos darmos conta. É sempre necessário e possível nos reerguermos, renascermos e reconstruir-nos. Temos todos um pouco daquela ave imortal dentro de nós. Logo, havemos de ter o poder e faculdade de superar dificuldades.
Os povos antigos de muitas civilizações, conceberam aves e figuras que abundavam o céu distante e inexplicável nas suas mágicas cogitações. A história da humanidade é de constante luta e superação. Ainda que muitos de nós tombemos, limitados pela nossa efémera biologia, semeamos o ciclo da continuidade, e assim enquanto espécie, renascemos a cada geração, acumulando conhecimento e assim fintando a finitude particular de cada indivíduo, mas amplificando o destino coletivo.
A Madeira e o seu povo já superou imensa dificuldade e provação, tal como os demais povos. Renascemos dos vários ciclos económicos desde que aportámos nestas ilhas e continuamos a semear a portugalidade, a "atlanticidade", em suma, a nossa autenticidade de ilhéus ultraperiféricos. Tivemos os ciclos do açúcar, do vinho e do advento da autonomia democrática. No seio da Nação complexada com o perdido império, vivemos há três décadas o ciclo da Europa que timidamente converge e diverge à medida que os contribuintes mais endinheirados dessa manta de retalhos, abrem mais ou menos, o porta-moedas da coesão.
Vamos continuar a renascer, porque "de entre a rocha dura se lavrou a terra". Sempre. Fazemos aqui Portugal assinalada que é a nossa presença. Somos um Portugal que se fechou nas últimas décadas ao mar, mas as suas ilhas prolongam a dimensão atlântica do pequeno retângulo na denominada extensão da plataforma marítima. Sabe-se lá, que riquezas se escondem afogadas por essas profundezas abissais. Quem é ilhéu tem a sensibilidade do fascínio do mar. Do mar que condiciona e nos prende. Do mar que nos incita a sair. Do mar porta de entrada. Do mar dos desencontros e despedidas. Porra, o mar é belo! Amplifica-nos muito além da ténue linha do horizonte retilíneo. O mar sempre foi um chão comum dos inícios das conexões da globalização. Foi um palco épico de histórias de superação. De Fénixes a derrotarem Adamastores. Somos desta terra de heróis. De Ulisses mediterrânicos e de portugueses atlânticos. O nosso destino comum é renascer. Do pó do chão ou do pote de cinzas de matéria imolada, porém viva.
Donato Macedo
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